Schelling: “intuição intelectual”
A fonte da autoconsciência é o querer. No querer absoluto o espírito é consciente imediatamente de si mesmo, ou tem a intuição intelectual de si mesmo. Este conhecimento se chama intuição porque é imediato, intelectual porque tem uma atividade como objeto, a qual sobrepassa todo o empírico e não é alcançada nunca por conceitos. O que se apresenta por conceitos, repousa. Apenas há, por conseguinte, conceitos dos objetos, do que está limitado e é intuído sensivelmente. O conceito de movimento não é o movimento mesmo, e sem intuição não saberíamos o que é o movimento. Mas a liberdade apenas é conhecida pela liberdade, e a atividade apenas é conhecida pela atividade. Se não houvesse em nós nenhuma intuição intelectual, estaríamos presos em nossas representações objetivas e não haveria pensar transcendental, imaginação transcendental, sequer filosofia teórica ou prática.
Schelling, Panorama General de la Literatura Filosófica más reciente (Experiencia e Historia, Ed. Tecnos, p. 97-98).